quarta-feira, 15 de maio de 2013

Texto: "AS ORAÇÕES" por Cap. João Batista Ferreira de Borba


O  Capitão João é professor de Língua Portuguesa do Colégio Militar de Santa Maria e ministra aulas para o 2º Ano do Ensino Médio. O texto  em destaque, produzido por ele,  faz um paralelo entre as orações e as características particulares que cada uma possui. Esse texto  é um material bastante interessante para ser lido e, sobretudo, trabalhado em sala de aula. Essa é uma das sugestões de nosso blog! 
                                                                       
                                                    Boa leitura...
                        
                  As Orações

Duas grandes famílias bastante conceituadas: umas são independentes, adoram coordenar bem o seu período, em um momento, chegam e estão donas da situação; outras dependem tanto da sua principal que se submetem aos caprichos desse senhor. As primeiras, coordenadas; as segundas, subordinadas.

As coordenadas são as tais, se acham: elas somam e opõe-se, alternam e explicam, concluem. Vim, vi, venci, de César, tão independentes como o general romano. Já as subordinadas dependem totalmente de sua principal: parece haver uma relação tão íntima entre elas, já que nunca se separam. É um clã na verdade com nome pomposo: Período Composto por Subordinação.
O  Período Composto por Subordinação possui parentes distintos. Lá, de suas filhas, as primeiras são conservadoras deveras, não toleram nenhum tipo de mudança a sua estrutura sintática,  como dizem, vírgula nenhuma enxerida se meterá conosco, muito embora haja sempre uma apositiva desgarrada. Elas são tão fechadas que somente aceitam para fazer sua conexão com a principal, a conjunção integrante. Isso é que é fidelidade! Dizem só aceitamos como conectivos QUE e o SE. Para elas, o importante é a estabilidade da frase: há sem dúvida uma relação completa com sua principal. Se  falta o sujeito naquela, existe a subjetiva; se o seu verbo reclama o objeto direto, existe a objetiva direta; se a reclamação é pelo indireto, existe a objetiva indireta; se falta um predicativo para a principal, ela lhe confere a qualidade ou o estado; se falta o aposto, a apositiva explica claramente; se a principal pede o complemento nominal, a completiva nominal a integra.
As outras, pobrezinhas, as adjetivas, nem conjunções têm, mas um pronome cujo nome é relativo. Fofoqueiras, adoram relacionar o que existe na principal que pode haver nelas também. Acho que são invejosas. Uma fala demais, explica somente o supérfluo, desnecessário à frase: A água cuja fórmula é H2O poderá faltar algum dia; essa, explicativa incomoda sua principal que pouco se importa com a fórmula da água, mas sim com a escassez de precioso líquido. Já a outra, restritiva, muito popular, adora limitar tudo, possessiva como um adjunto adnominal: O sorvete que comi é gostoso; a canção que ouvi não é do Luan Santana. Tadinhas, somente as duas.
Suas primas são bastante liberais, as adverbiais,  de idéias inovadoras, gostam de mudar de posição na frase, assim como as mulheres mudam os móveis de lugar. E fazem a gente pensar na relação lógica a todo momento. Adoram discutir a relação com sua principal, muitas vezes,  conflituosa, já que são muito temperamentais. Dão-se com todo mundo, as vírgulas vivem fazendo regras e casos em sua frase, e as conjunções subordinativas todas são bem-vindas menos as integrantes. Além do mais,  não têm papas na língua, dita as regras aliadas muitas vezes com as substantivas e as adjetivas, como são populares até as coordenadas conquistam formando período misto. Adverbiais. Fundamentais para o Quando? Como? Por quê? Para quê? E os “ses” da vida, as comparações, os de acordo com... Reluzem onde estão, adoram “causar”. Dão-nos todas as circunstâncias envolvendo um fato: como ocorreu; para que será realizado; quando irá começar; é tão bom como o de fulano; está conforme prescreve as regras; caso não houver nenhum antecedente; à medida que aumentam as expectativas; muito embora continuasse vazando; tanto é importante que todos a utilizam. Falam pelos cotovelos essas adverbiais.

              João Batista Ferreira de Borba
                                    Professor de Língua Portuguesa
Contato com o autor: joaoletras@pop.com.br 

Nenhum comentário:

Postar um comentário